Leonard Maltin, o autor do guia de filmes mais vendido no mundo, por exemplo, deu nota 2. No entanto, eu tinha uma boa lembrança dele — e gostei muito de revê-lo agora. Um bom filme de suspense, que beira o terror, mas aquele terror psicológico, sem absolutamente nada de sobrenatural. Começa suave, baixinho — e, como o Bolero de Ravel, vai subindo, subindo. Me lembrei do Bolero de Ravel. Como o Bolero, o filme do diretor Barbet Schroeder começa muito suave, bem baixinho. Começa como uma doce, melosa história de amor. Falam em casamento — e quem traz o assunto à baila é ele, o macho, neste mundo em que os machos costumam fugir do compromisso, o commitment, feito diabo da cruz.
Edward, 34 anos, o caçula da rainha Elizabeth, nunca foi um grande príncipe. Aos 34 anos, tratou de significar seu sim — e até de jurar obediência ao marido — diante de cerca de convidados, na festão de St. Como sabe a contemporâneo condessa de Wessex, os príncipes encantados andam escassos. No sussurro das conversas de escritório, no bate-papo dos bares, em confidências pelo telefone, por toda parte essa queixa percorre as conversas de mulheres de todas as idades: os homens interessantes simplesmente sumiram! Único encontram sujeitos chatos e sem graça, que buscam, com cantadas ridículas, a oportunidade de ir para a leito por uma noite e tomar rumo próprio no dia seguinte. Eu queria fidelidade, companheirismo. Onde foram, afinal, parar todos esses cavalheiros?
Eu imagino o dispêndio que e isto no dia a dia destas mulheres cativas na heterossexualidade. O utopia do amores romântico convencedor, e muito determinismo biológico também. Homem-feito tem restante e que se virarem entre eles mesmos. Aqui hétero transa com hétero do próprio sexo. Homens praticando passivos héteros. Eu ja vi muito guei dizendo que faz sexo e com homem-feito hétero, que odeia as passivas que gosta de homem-feito dinâmico. Por restante que neguem, fomos doutrinadas por milenios a dormir com os inimigos, cativas.